
Longe do Supremo Tribunal Federal (STF), no interior da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, um grupo de índios recebeu com revolta e indignação a decisão da Corte que confirmou hoje (19) a legalidade da demarcação da reserva em faixa contínua. Ligado aos produtores de arroz – que terão que desocupar a terra – o grupo considerou a decisão “lamentável”.
“Nós não concordamos com a retirada dos não-índios, porque antes de serem produtores eles são brasileiros. Os arrozeiros também são brasileiros, produzem para o Brasil, inclusive para os pratos do próprio ministro Carlos Ayres Britto; tenho certeza que ele também come arroz de Roraima”, afirmou o índio Macuxi José Brazão, ligado ao rizicultor Paulo César Quartiero, líder da resistência à demarcação contínua.
Aos prantos, a agricultora Lídia Cabral, que diz ter nascido e vivido na área em que a reserva foi demarcada – e agora vai ter que deixar a região – lamentou a decisão do STF e questionou a garantia de que os não-índios serão indenizados pelas propriedades.
“É uma injustiça. Decidem lá que a gente tem que sair, mas duvido que vão pagar nossos direitos. Eu nasci aqui, não é justo. Não tenho para onde ir”, afirmou.
O grupo acompanhou o julgamento por uma televisão com transmissão via satélite instalada em uma das casas da Vila Surumu, na entrada da terra indígena.
Após o anúncio final da decisão, as famílias que apóiam os arrozeiros disseram que, mesmo com a saída dos produtores, não pretendem se submeter às orientações do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que representa a maioria dos moradores da reserva e desde o ínicio do processo defendia a saída dos não-índios.
“Nós vamos continuar aqui. Não vamos nos submeter à Igreja Católica, nem aos caprichos do CIR ou do Cimi (Conselho Indigenista Missionário)”, disse Brazão.
Sobre a operação de retirada dos produtores de arroz e dos não-índios que vivem na terra indígena, o grupo defende a concessão de um prazo mínimo para a colheita do arroz já plantado, prevista para maio. Agência Brasil
AMAZÔNIA ESTÁ PRONTA PARA SER FATIADA
Decisão do STF para demarcação de “Nações Indígenas” facilita lobby no Congresso para "fatiar" a Amazônia - Por Jorge Serrão
O Supremo Tribunal Federal, que ao menos em tese é o guardião da Constituição, ratificou ontem o primeiro passo para o Brasil perder a soberania sobre a Amazônia. A decisão de manter a demarcação em terra contínua dos 1,7 milhão de hectares da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, era a brecha que os movimentos internacionalistas queriam para forçar o Congresso Nacional a homologar, em breve, a famigerada Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas da ONU, que valerá como uma “emenda à Constituição”.
A tese das “Nações Indígenas independentes” vai vigorar no Brasil graças a um casuísmo político. Em 2004, misturada à emenda nº 45, que cuidava da reforma do Judiciário, foi introduzido na Constituição o parágrafo 3º do artigo 5º. O casuísta dispositivo determina que serão equivalentes a emendas constitucionais os tratados internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, na Câmara e no Senado, em dois turnos, por três quintos dos votos.
Assim, poderão ser criadas 216 “nações” indígenas (com autonomia política e administrativa) dentro do território brasileiro. Outras 53 tribos indígenas, que se mantêm arredias a contatos com a civilização, também terão o mesmo “direito”.
Tudo ficou mais fácil depois que o STF, por 10 votos a 1, homologou a Raposa do Sol. Agora, os índios terão direito exclusivo ao uso da terra e os produtores de arroz instalados na região deverão se retirar. O ministro Marco Aurélio de Mello foi o único voto contrário a esta jogada internacionalista contra a Amazônia.
Para o fingir que a decisão não tem caráter entreguista – o que está objetivamente evidente -, o STF impôs 19 condições que servirão à demarcação de terras indígenas de agora em diante. Uma das regrinhas para inglês ver determina que os índios ficam proibidos de explorar recursos hídricos e potenciais energéticos das reservas, a não ser com autorização do Congresso. Como os parlamentares entreguistas, bem incentivados, aprovam tudo, a regra do STF só valoriza os lobbies ocultos internacionais. Continue lendo a matéria no Alerta Total – Por Jorge Serrão
O ÓDIO E RESSENTIMENTO DESSA GENTE NÃO TÊM LIMITES
Presidente da Funai diz que arrozeiros não têm direito a receber mais indenização
Os produtores rurais que ainda estão na Terra Indígena Raposa Serra do Sol já foram indenizados e não têm direito a receber indenização por benfeitorias feitas depois de 1998. Foi o que afirmou o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, logo após o fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), em que foi mantida a demarcação contínua da área indígena em Roraima.
De acordo com Meira, pode ser que ainda haja uma ou outra benfeitoria de boa-fé feita até 1998, ano em que foi publicado no Diário Oficial o ato declaratório da terra indígena. “Após 1998, qualquer benfeitoria feita é de má-fé, porque a terra indígena já estava declarada. Como nós temos 11 anos de pendência judicial, toda e qualquer benfeitoria feita nesse período foi declarada aqui ilegal”, afirmou. Leia mais aqui, na Agência Brasil
Um comentário:
Patetico esse julgamento do STF, 18 mil indios em quase 30% do estado
Postar um comentário