Roma locuta, causa finita!

A última palavra em termos de Justiça no País vem do STF, o Supremo Tribunal Federal. Mesmo assim, em alguns casos, é inegável que restam dúvidas em suas decisões. Uma delas diz respeito à questão dos arrozeiros que mantêm suas lavouras no interior da recém confirmada terra indígena Raposa Serra do Sol.

O assunto vem sendo tratado com uma dose de autoritarismo descabido. Tudo bem que a decisão seja pela desocupação. Mas haveria de se levar em conta a forma, o proceder. Primeiro, sabe-se que os produtores estão plantados ali há mais de 30 anos. Assim, o bom senso recomenda que não se abandone tudo do dia para noite.

O deputado Márcio Junqueira (DEM) tem razão quando questiona para onde os produtores vão levar suas máquinas, caminhões, gado e demais quinquilharias. A confirmação da homologação da reserva se deu sob condições várias que até hoje não foram cumpridas pelo governo federal.

"Onde se colocam 12 mil cabeças de gado? No meio da rua? Na Superintendência da Polícia Federal? Na penitenciária? Gado precisa de pasto! Onde se joga o equipamento? Na casa do procurador da República? No escritório da Casa Civil em Roraima?", pergunta, retoricamente, o deputado democrata.

A Bíblia diz que é digno o trabalhador do seu salário (Evangelho de Lucas, 10.7). Isso significa que se o homem plantou, tem todo o direito de colher. A colheita, portanto, é sagrada. E esse direito está sendo tolhido aos arrozeiros. Diz-se que o País vive no legítimo Estado Democrático de Direito. Na prática, não parece. Nem durante o período da ditadura militar se viu coisa parecida.

A ordem de retirada até hoje, de todas as máquinas das áreas cultivadas é um despautério sem precedente na história do País. Está-se tratando aqui de arroz irrigado. Sem a maquinaria funcionando ininterruptamente, jogando água, a plantação fenece, não importando o estado em que esteja.

Essa decisão implica em que a Justiça estaria, por si, destruindo comida. Propositalmente. Tal atitude soa como um disparate, exatamente em um momento em que a escassez de alimentos é alardeada em todo o mundo, e pelo principal órgão que cuida do assunto, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

Enquanto a crise mundial é usada com toda a sua força para encetar nas mentes a ideia de trabalho, trabalho e mais trabalho, em Roraima busca-se fabricar desocupados. Serão cerca de 5 mil empregos que desaparecerão na fumaça.

Todo esse pessoal ficará ao deus-dará, inchando a periferia de Boa Vista, metendo a cara na cachaça. Ah, ainda tem os arrozeiros, que, destituídos de seus bens, só veem como perspectiva engrossar os pelotões do MST. Vão virar sem terra. EDITORIAL
Fonte Brasil

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