Gasto da Presidência da República com cartão corporativo dobrou

SAQUES SIGILOSOS TAMBÉM SUBIRAM EM RELAÇÃO A 2008

Num cenário de recessão e queda na arrecadação, os gastos da Presidência com cartão corporativo duplicaram no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2008 — de R$ 2 milhões para R$ 4 milhões. A Presidência também aumentou os gastos sigilosos — não detalhados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) com a indicação do responsável pela despesa —, na contramão do discurso de transparência nas contas públicas.

Do total de saques com cartão registrados no Siafi no primeiro semestre deste ano, 99% não têm identificação do responsável. Em 2008, denúncias de uso indevido do cartão corporativo resultaram na queda da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e na instalação de uma CPI. O governo reduziu as despesas, mas os gastos voltaram a subir. Por Regina Alvarez

As faturas do cartão corporativo da Presidência nos primeiros seis meses do ano chegaram a R$ 3,787 milhões, contra R$ 1,867 milhão no mesmo período de 2008. Já os saques passaram de R$ 143 mil para R$ 232 mil, na comparação dos dois períodos.

Levantamento da Consultoria de Orçamento da liderança do DEM no Congresso, a partir do Siafi, mostra que no primeiro semestre de 2008 todos os gastos da Presidência com cartão, exceto saques, tinham a identificação do responsável, chamado de ecônomo pela burocracia federal. Já no primeiro semestre deste ano 46% desses gastos não têm identificação.

“São viagens, hotelaria, tudo com dinheiro público”, diz Caiado No caso dos saques, o percentual sem identificação passou de 56,2% no primeiro semestre de 2008 para 99% no mesmo período deste ano. Esse percentual equivale a R$ 355 mil de um total de R$ 356 mil em saques no período, que aparecem no balanço financeiro da Presidência no primeiro semestre. Neste caso, a Casa Civil considera um valor menor como gasto efetivo (os R$ 232 mil). A diferença seriam compensações feitas na prestação de contas. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), diz que o aumento tem motivação político-eleitoral: — Não é política de investimentos, para criar empregos. São viagens, hotelaria, tudo com dinheiro público. É um reflexo de um governo perdulário que mistura o público com o privado e cada vez mais fomenta as reivindicações dos cabos eleitorais na campanha da ministra Dilma Rousseff.

A Casa Civil diz que o aumento dos gastos com o cartão da Presidência em 2009 decorre do número de viagens do presidente Lula. No primeiro semestre de 2008, ele ficou 73 dias viajando, em 75 cidades. Neste ano, foram 82 dias em 87 cidades. As despesas com a Cúpula da América Latina e Caribe, em dezembro, na Costa do Sauípe (BA), só foram computadas na fatura paga em janeiro, elevando os gastos deste ano. Em relação aos gastos sigilosos, a Casa Civil afirma que envolvem a segurança do presidente e de sua família. O governo informa que internamente há uma prestação de contas dessas despesas pelos responsáveis, encaminhada à Controladoria Geral da União (CGU). O Globo

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