Um prato cozido

“Nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura”. (Hebreus 12:16)

Esaú não entendia as coisas do Espírito de Deus, porque lhe pareciam loucura. (I Cor. 2:14). Não podia entendê-las porque a sua mente era carnal, imediatista e mundana. Esaú só se interessava pelo presente, ignorando o futuro e as promessas de Deus.

Não sou pessoa especialmente religiosa, mas ao refletir sobre as andanças pelo mundo de Lula e seus assessores para assuntos internacionais, veio-me a imagem de Esaú e Jacó.

Os trechos acima dizem tudo. Lula passivamente entrega bens penosamente acumulados pelos seus predecessores em anos que seus companheiros chamam de ”Anos de Chumbo”, mas que dotaram o país de uma infra-estrutura para que o Brasil desgarrasse como potência econômica, vencendo, até certo ponto, as suas falhas estruturais. Por Ralph J. Hofmann

Se estamos tão ricos assim o dinheiro não estaria melhor aplicado reduzindo os impostos sobre a energia elétrica, para que brasileiros pudessem consumi-la a um custo menor?

Por que doar esses recursos a quem não nos dá nenhuma contrapartida, nem mesmo um voto garantido num conselho da ONU. Por que a Austrália e o Canadá não estão pleiteando uma vaga também? Por que não estão distribuindo óbolos pelo mundo?

Lembro-me que anos atrás, examinando as contas de luz, reparei que mais de 40% da conta se referia a impostos. O mesmo ocorria com as contas telefônicas. Alegadamente estes impostos precisavam ser altos, pois os governos estaduais e o governo federal precisavam investir nessas áreas.

Liberadas do estatismo, com um mercado em que várias empresas precisavam competir para prover os serviços telefônicos, não têm faltado dinheiro para investir na área, os serviços têm melhorado e o preços dos mesmos estão razoavelmente inferiores do que os do tempo do monopólio estatal apesar de seguirem pesadamente onerados pelos impostos que, dizia-se, custeavam as expansões e que hoje estão indo para onde sempre foram, para as burras do tesouro onde podem ser acessados para qualquer coisa que seja, inclusive manter políticos e seus afilhados.

A leviandade com que se dispõe de direitos negociados para com países vizinhos, com vista a um projeto político internacional que nada traz ao bem estar do povo brasileiro é, a curto prazo, a satisfação do ego dos titulares atuais do poder.

Isto novamente traz à tona algumas interpretações da atitude de Esaú. Este não dá valor ao futuro. Prefere saciar-se agora e não se preocupa com o futuro, sendo talvez este o motivo que o pai, Isaac, se recusa a reverter a benção dada ao segundo nascido quando informado que foi ludibriado. Considera que aquele que trocou seu futuro farto por um prato de sopa, não será muito bom guardião do futuro de sua tribo.

O triste aqui e agora, é que aqueles que devem estender a benção, o eleitorado, em sua grande maioria não têm como julgar o valor relativo de um prato de sopa contra uma herança. Não percebem que o estado brasileiro, de fato rico o suficiente para não deixá-los morrer de fome, não está cobrando deles um investimento no seu futuro. Os programas anteriores ao Fome Zero saciavam a fome mas investiam no futuro do país. Alimentavam as crianças mas previam seu comparecimento a escolas.

Olhem o exemplo do guru bolivariano? Exporta a sua “revolução”, compra armas, compra a Bolívia, o Equador, Nicarágua e sabe-se lá o que mais. Fecha suas indústrias e destrói seu comércio estabelecido. Sua produção agrícola, que nunca foi um prodígio também está decadente. E agora, o petróleo caiu, os custos internacionais subiram e o que poderá fazer. Comer fuzis? E os compromissos para com suas neo-colônias como ficarão dentro de um ou dois anos? Os povos desses países vão se mudar em massa para Miami? Ou para São Paulo, a neo-Meca das Américas.

Simon Bolívar tem um grande mérito entre outros. Foi vilipendiado por Marx. Essencialmente porque Marx considerava que ele acendia um rastilho de pólvora por onde passava mas não ficava para enfrentar a explosão. Injusto da parte do irascível Marx? Provavelmente. Mas é o que a maioria dos caudilhos como Chavez e Lula acabam por fazer. Assistem o dilúvio que deixaram para trás desde suas residências na Riviera ou nos Alpes.

Melhor seria ter abençoado Jacó. Ele sabia como liderar sua tribo. Via
Diego Casagrande

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