O governo conseguiu esvaziar a CPI que investiga denúncias de irregularidades cometidas pela Petrobras.
A reunião prevista para hoje foi adiada para a próxima semana, sem que a oposição esboçasse resistência. Com amplo controle do governo, a CPI não gerou o constrangimento nem a preocupação que o Palácio do Planalto temia. Nos bastidores, a comissão é conhecida como a CPI do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo e relator da comissão: ele controla as sessões e interfere em todos os depoimentos. A estratégia do governo de dominar os rumos da CPI deu certo. Até mesmo a oposição tem se ausentado das reuniões. Por Cristiane Agostine
Na terça-feira da semana passada, audiência marcada para debater irregularidades cometidas pela empresa nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, começou com mais de meia hora de atraso, por iniciativa do presidente da comissão, senador João Pedro (PT-AM), sem a presença da maioria dos integrantes da comissão. Apenas um senador da oposição estava presente. O mesmo cenário marcou as duas sessões anteriores. Dois meses depois da instalação da CPI, a base governista demonstra que mantém o controle para evitar o desgaste da estatal e do governo.
O esvaziamento político da comissão é percebido não só nas cadeiras vazias da sala de audiências, mas também nos debates e na falta de denúncias apresentadas pelos senadores do PSDB e do DEM contra a estatal. Com ampla maioria na CPI da Petrobras, o governo controlou as seis sessões em que foram investigas supostas irregularidades da estatal e evitou o desgaste da empresa.
Hoje estava prevista a realização da sétima reunião para ouvir depoimentos, mas Jucá (PMDB-RR), adiou o encontro para a próxima semana. O líder do governo passou o dia de ontem em atividades com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Roraima e pediu "a compreensão" dos senadores na semana passada, pois acreditava que não conseguiria chegar em tempo a Brasília para comandar a reunião.
A oposição demonstra desânimo com a comissão. "Temos muita dificuldade em conseguir informações contra a Petrobras", reclamou o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior. (DEM-BA), um dos três titulares da oposição na CPI. "Não temos muitas denúncias concretas contra a Petrobras. Até mesmo o Tribunal de Contas da União ainda está revendo as irregularidades", comentou ACM Júnior: "Mas ainda não jogamos a toalha".
Nos bastidores, senadores da oposição creditam ao PSDB a falta de empenho na comissão. "Desde o começo o PSDB estava dividido em relação à CPI. Não queriam", comentou um oposicionista. "Muitos senadores podem se comprometer ao criticar empresas que financiam campanhas", explicou outro parlamentar. "Imagina Sérgio Guerra criticar uma refinaria que está sendo construída no Estado dele", continuou o senador, referindo-se ao presidente do PSDB, eleito por Pernambuco, onde está sendo construída a refinaria Abreu e Lima. Obras de terraplenagem da refinaria são alvo de denúncias de superfaturamento.
Senadores do DEM e do PSDB apostam na próxima fase da comissão, na investigação de patrocínios e contratos com ONGs para retomar as denúncias contra a Petrobras. ´São denúncias que têm mais visibilidade política, apesar de não serem tão graves quanto o superfaturamento na refinaria Abreu e Lima", explicou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), na semana passada, ao sair da comissão. Na próxima fase, com início no dia 22, deverá ser ouvido o gerente de Comunicação Wilson Santarosa. "Vamos acabar ´mordendo´ alguma coisa nessa fase", disse ACM Jr. "Os patrocínios são muito pulverizados, o que dificulta o controle da Petrobras, disse. O senador explicou que a oposição contava com a "colaboração da imprensa", para fazer novas denúncias e que sem isso "fica difícil surgir mais informações contra a estatal". "Botamos fé na imprensa", comentou.
Os governistas comemoram o resultado da CPI. "O governo estava preparado e demonstrou que os instrumentos usados até agora foram corretos", comentou Delcídio Amaral (PT-MS), ex-diretor da Petrobras. A base governista, além de ter maioria, comanda a comissão. O presidente da CPI é o senador João Pedro (PT-AM) e o relator é Romero Jucá. O controle do líder do governo na comissão é tamanho que nos bastidores a comissão chegou a ser conhecida como a "CPI do Jucá": o pemedebista aprovou seu plano de governo na primeira reunião e rejeitou quase todos os requerimentos da oposição. Valor Econômico
A reunião prevista para hoje foi adiada para a próxima semana, sem que a oposição esboçasse resistência. Com amplo controle do governo, a CPI não gerou o constrangimento nem a preocupação que o Palácio do Planalto temia. Nos bastidores, a comissão é conhecida como a CPI do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo e relator da comissão: ele controla as sessões e interfere em todos os depoimentos. A estratégia do governo de dominar os rumos da CPI deu certo. Até mesmo a oposição tem se ausentado das reuniões. Por Cristiane Agostine
Na terça-feira da semana passada, audiência marcada para debater irregularidades cometidas pela empresa nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, começou com mais de meia hora de atraso, por iniciativa do presidente da comissão, senador João Pedro (PT-AM), sem a presença da maioria dos integrantes da comissão. Apenas um senador da oposição estava presente. O mesmo cenário marcou as duas sessões anteriores. Dois meses depois da instalação da CPI, a base governista demonstra que mantém o controle para evitar o desgaste da estatal e do governo.
O esvaziamento político da comissão é percebido não só nas cadeiras vazias da sala de audiências, mas também nos debates e na falta de denúncias apresentadas pelos senadores do PSDB e do DEM contra a estatal. Com ampla maioria na CPI da Petrobras, o governo controlou as seis sessões em que foram investigas supostas irregularidades da estatal e evitou o desgaste da empresa.
Hoje estava prevista a realização da sétima reunião para ouvir depoimentos, mas Jucá (PMDB-RR), adiou o encontro para a próxima semana. O líder do governo passou o dia de ontem em atividades com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Roraima e pediu "a compreensão" dos senadores na semana passada, pois acreditava que não conseguiria chegar em tempo a Brasília para comandar a reunião.
A oposição demonstra desânimo com a comissão. "Temos muita dificuldade em conseguir informações contra a Petrobras", reclamou o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior. (DEM-BA), um dos três titulares da oposição na CPI. "Não temos muitas denúncias concretas contra a Petrobras. Até mesmo o Tribunal de Contas da União ainda está revendo as irregularidades", comentou ACM Júnior: "Mas ainda não jogamos a toalha".
Nos bastidores, senadores da oposição creditam ao PSDB a falta de empenho na comissão. "Desde o começo o PSDB estava dividido em relação à CPI. Não queriam", comentou um oposicionista. "Muitos senadores podem se comprometer ao criticar empresas que financiam campanhas", explicou outro parlamentar. "Imagina Sérgio Guerra criticar uma refinaria que está sendo construída no Estado dele", continuou o senador, referindo-se ao presidente do PSDB, eleito por Pernambuco, onde está sendo construída a refinaria Abreu e Lima. Obras de terraplenagem da refinaria são alvo de denúncias de superfaturamento.
Senadores do DEM e do PSDB apostam na próxima fase da comissão, na investigação de patrocínios e contratos com ONGs para retomar as denúncias contra a Petrobras. ´São denúncias que têm mais visibilidade política, apesar de não serem tão graves quanto o superfaturamento na refinaria Abreu e Lima", explicou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), na semana passada, ao sair da comissão. Na próxima fase, com início no dia 22, deverá ser ouvido o gerente de Comunicação Wilson Santarosa. "Vamos acabar ´mordendo´ alguma coisa nessa fase", disse ACM Jr. "Os patrocínios são muito pulverizados, o que dificulta o controle da Petrobras, disse. O senador explicou que a oposição contava com a "colaboração da imprensa", para fazer novas denúncias e que sem isso "fica difícil surgir mais informações contra a estatal". "Botamos fé na imprensa", comentou.
Os governistas comemoram o resultado da CPI. "O governo estava preparado e demonstrou que os instrumentos usados até agora foram corretos", comentou Delcídio Amaral (PT-MS), ex-diretor da Petrobras. A base governista, além de ter maioria, comanda a comissão. O presidente da CPI é o senador João Pedro (PT-AM) e o relator é Romero Jucá. O controle do líder do governo na comissão é tamanho que nos bastidores a comissão chegou a ser conhecida como a "CPI do Jucá": o pemedebista aprovou seu plano de governo na primeira reunião e rejeitou quase todos os requerimentos da oposição. Valor Econômico
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