A reunião de ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos 12 países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Quito, só poderia terminar em retumbante fracasso ? menor do que o fiasco da reunião de presidentes, em Bariloche, apenas porque os ministros resolveram se comportar com mais recato do que os chefes de governo e não permitiram o televisionamento dos debates. Afinal, o que a maioria dos membros da Unasul quer, o governo da Colômbia não pode dar. Os regimes bolivarianos do caudilho Hugo Chávez e de seus epígonos Evo Morales e Rafael Correa querem, em última análise, que a Colômbia não assine com os Estados Unidos um acordo de cessão de uso de bases militares que servirão para o monitoramento do tráfico de drogas no coração da região produtora de coca e nas rotas do Caribe e para o combate às Farc, a narcoguerrilha que há mais de 40 anos tenta tomar o poder pelas armas. Editorial O Estado de São Paulo
Os governos bolivarianos da Venezuela, Bolívia e Equador elegeram os EUA como o inimigo a combater e farão o possível para impedir que Washington continue ajudando a Colômbia na luta contra a narcoguerrilha. O governo brasileiro, em mais esse caso, atua como linha auxiliar do coronel Chávez, exercendo forte pressão sobre Bogotá.
O curioso é que os países que se dizem preocupados com a estabilidade da região ? que, segundo eles, seria ameaçada pela presença de no máximo 800 soldados e civis norte-americanos na Colômbia ? não apenas não consideram as Farc um fator de grave perturbação regional, como não perdem oportunidade para fustigar o governo democrático do presidente Álvaro Uribe, que tem enfrentado a narcoguerrilha com bastante sucesso ? graças à aliança com os EUA, que agora está renovando. Para o governo brasileiro, por exemplo, a narcoguerrilha é um problema exclusivamente colombiano. Daí nunca ter ajudado o país vizinho a combater efetivamente a narcoguerrilha, que já invadiu território brasileiro e matou soldados brasileiros. Mas quando a Colômbia decide renegociar um acordo de cooperação militar com os EUA, o chanceler Celso Amorim articula a reação contra aquela iniciativa e exige "garantias formais" do governo colombiano de que o acordo não resultará em agressões militares contra o território dos países vizinhos.
O governo de Bogotá recusa-se a dar as tais garantias, até porque o texto do acordo ainda está sendo negociado e os outros países da Unasul, principalmente o Brasil, se recusam a dar explicações, como sugeriu a Colômbia, a respeito dos acordos de venda de armas e transferência de tecnologia militar que estão sendo feitos com países de fora da região ? a França, no caso do Brasil, e a Rússia, no caso da Venezuela.
"Temos um problema muito grave, pois a Colômbia não percebe o incômodo que isso (o acordo) causa nos outros países e não procura solucioná-lo", afirmou o chanceler Celso Amorim, contrariado com o fracasso da reunião de Quito. Ora, o governo brasileiro deveria estar, não incomodado, mas seriamente preocupado com os danos que a narcoguerrilha causa à Colômbia ? que manteve as instituições e as práticas democráticas durante mais de 40 anos de violenta comoção, sem recorrer a instrumentos de exceção ? e com os males que o tráfico de drogas e de armas causa ao Brasil.
O fato é que o coronel Chávez tem mal disfarçadas simpatias pelas Farc. Recorde-se que o presidente Uribe o dispensou da função de mediador no processo de libertação da ex-senadora Ingrid Bettancourt quando Chávez sugeriu que a narcoguerrilha fosse reconhecida como força beligerante. Agora, em Quito, seu representante propôs que a Unasul, além de monitorar as bases colombianas que receberão o pessoal e os equipamentos norte-americanos, assuma a condução do processo de paz na Colômbia. Obviamente, os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da Colômbia rejeitaram a proposta. Estava por demais evidente que a manobra dos agentes de Chávez se destinava a criar uma situação que os Estados Unidos não poderiam aceitar e a abrir caminho para que, iniciado o processo de paz, as Farc fossem reconhecidas como força beligerante ? o que lhe daria um status político igual ao governo eleito de Bogotá. Interessa ao Brasil continuar apoiando essa Aberração?
Os governos bolivarianos da Venezuela, Bolívia e Equador elegeram os EUA como o inimigo a combater e farão o possível para impedir que Washington continue ajudando a Colômbia na luta contra a narcoguerrilha. O governo brasileiro, em mais esse caso, atua como linha auxiliar do coronel Chávez, exercendo forte pressão sobre Bogotá.
O curioso é que os países que se dizem preocupados com a estabilidade da região ? que, segundo eles, seria ameaçada pela presença de no máximo 800 soldados e civis norte-americanos na Colômbia ? não apenas não consideram as Farc um fator de grave perturbação regional, como não perdem oportunidade para fustigar o governo democrático do presidente Álvaro Uribe, que tem enfrentado a narcoguerrilha com bastante sucesso ? graças à aliança com os EUA, que agora está renovando. Para o governo brasileiro, por exemplo, a narcoguerrilha é um problema exclusivamente colombiano. Daí nunca ter ajudado o país vizinho a combater efetivamente a narcoguerrilha, que já invadiu território brasileiro e matou soldados brasileiros. Mas quando a Colômbia decide renegociar um acordo de cooperação militar com os EUA, o chanceler Celso Amorim articula a reação contra aquela iniciativa e exige "garantias formais" do governo colombiano de que o acordo não resultará em agressões militares contra o território dos países vizinhos.
O governo de Bogotá recusa-se a dar as tais garantias, até porque o texto do acordo ainda está sendo negociado e os outros países da Unasul, principalmente o Brasil, se recusam a dar explicações, como sugeriu a Colômbia, a respeito dos acordos de venda de armas e transferência de tecnologia militar que estão sendo feitos com países de fora da região ? a França, no caso do Brasil, e a Rússia, no caso da Venezuela.
"Temos um problema muito grave, pois a Colômbia não percebe o incômodo que isso (o acordo) causa nos outros países e não procura solucioná-lo", afirmou o chanceler Celso Amorim, contrariado com o fracasso da reunião de Quito. Ora, o governo brasileiro deveria estar, não incomodado, mas seriamente preocupado com os danos que a narcoguerrilha causa à Colômbia ? que manteve as instituições e as práticas democráticas durante mais de 40 anos de violenta comoção, sem recorrer a instrumentos de exceção ? e com os males que o tráfico de drogas e de armas causa ao Brasil.
O fato é que o coronel Chávez tem mal disfarçadas simpatias pelas Farc. Recorde-se que o presidente Uribe o dispensou da função de mediador no processo de libertação da ex-senadora Ingrid Bettancourt quando Chávez sugeriu que a narcoguerrilha fosse reconhecida como força beligerante. Agora, em Quito, seu representante propôs que a Unasul, além de monitorar as bases colombianas que receberão o pessoal e os equipamentos norte-americanos, assuma a condução do processo de paz na Colômbia. Obviamente, os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da Colômbia rejeitaram a proposta. Estava por demais evidente que a manobra dos agentes de Chávez se destinava a criar uma situação que os Estados Unidos não poderiam aceitar e a abrir caminho para que, iniciado o processo de paz, as Farc fossem reconhecidas como força beligerante ? o que lhe daria um status político igual ao governo eleito de Bogotá. Interessa ao Brasil continuar apoiando essa Aberração?
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