
O governo municipal é só um espectador inerme da tragédia. A isso acabará reduzido o governo estadual se insistir no combate solitário e improvisado, e portanto sem chances, ao inimigo que não para de agigantar-se. A vítima seguinte será o governo federal, que nunca se preocupou com a montagem de uma política de segurança que mereça tal nome. A Força Nacional de Segurança é uma piada recorrente contada pelo presidente da República e pelo ministro da Justiça. Os braços do Estado jamais se estenderam aos morros, hoje reduzidos a zonas de exclusão.
“O Rio vai chegar em paz a 2016″, repetiu o governador Sérgio Cabral. O direito de viver em segurança não é um privilégio decorrente da escolha da sede dos Jogos, muito menos uma cláusula do contrato com o COI. É um direito bem mais antigo que a Olimpíada. É também uma imposição constitucional. Comparações com Barcelona, Londres ou Montreal são conversa fiada. Ganhar a guerra declarada pelos ditadores dos morros é uma urgência nacional não porque 2016 vem aí, mas porque o Rio está para o Brasil como Medellín esteve para a Colômbia. A guerra só será vencida com uma ampla e articulada ofensiva dos governos federal e estadual.
Antes que os bandidos assumam ostensivamente o controle do resto da cidade, o Estado precisa reincorporar ao mapa real do Brasil os territórios amputados. Isso deve ser feito já, a qualquer custo. A transposição do São Francisco pode esperar. - SEÇÃO » Direto ao Ponto - Revista Veja
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