TEERÃ É PERIGO MUNDIAL
Em visita de Estado ao Brasil, o presidente de Israel, Shimon Peres, aproveitou a sessão solene em sua homenagem no Congresso Nacional para atacar verbalmente o Irã e enviar mensagens à Síria e à Autoridade Palestina em favor da retomada das negociações de paz.
Ciente da visita oficial ao Brasil do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, no dia 23, Peres declarou que a atual política de Teerã representa um "perigo mundial" e "impede a criação do Estado Palestino".
O presidente israelense fez a ressalva de que, historicamente, o Irã nunca foi inimigo de Israel. Mas, com a precaução de não mencionar o arsenal atômico mantido por Israel sem salvaguardas, acrescentou que seu país "não pode tolerar a presença de armas nucleares (em território iraniano)". Por Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro
"O governo do Irã está se armando e alimentando o terror do Hamas e do Hezbollah", afirmou Peres, referindo-se aos grupos islâmicos organizados na Palestina e no Líbano. "O Irã ajuda o Hamas a tratar mal a Autoridade Palestina e, com isso, impede a criação do Estado da Palestina", disse ontem, em discurso aos parlamentares.
Após se encontrar com Peres, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, minimizou as manifestações contrárias ao iraniano no Brasil. "O Brasil fala com todo mundo. Ninguém vai dizer ao Brasil com quem o Brasil deve falar. O Brasil fala com quem entende que deve falar."
Peres mostrou-se hábil para evocar indiretamente a pretensão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de atuar como mediador da negociação Israel-Palestina e também como espécie de facilitador de uma solução para a questão do Irã. Mostrou-se igualmente atento à agenda do presidente Lula, que, além de receber Ahmadinejad, terá a visita do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, dias antes.
Em seu discurso, lembrou que o Brasil rechaça o terrorismo e as armas de destruição em massa e que "sua voz tem sido escutada" mundo afora.
Entretanto, não chegou a pedir ao governo brasileiro que venha a mediar essas questões. "Precisamos de uma voz clara contra o terror", completou.
Com o cuidado de omitir os bombardeios de Israel à Faixa de Gaza, entre o fim do ano passado e o início de 2009, e a polêmica causada pelos novos assentamentos israelenses em terras palestinas, Peres destacou que seu país aceita retomar a negociação com a Autoridade Palestina, com base nos compromissos acordados no processo de Oslo, de 1993, e reconhece o direito de esse povo de criar seu Estado.
Segundo ele, o governo de Israel está disposto a fazer "concessões difíceis e dolorosas" em favor de um acordo que permita a "convivência em paz com seu vizinho". Em uma demonstração de otimismo na retomada do diálogo, destacou que Israel acredita ser possível, "com ousadia", alcançar a paz em um a dois anos.
"CAMPO DE GUERRA"
Ao mencionar tais pontos, Peres reportou-se diretamente a Abbas. Lembrou que ambos passaram por momentos muito difíceis em processos anteriores de negociações de paz, como o assassinato do então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, em 1995. Mas reiterou que o Hamas, grupo político que controla a Faixa de Gaza e atua também por meio do terror, transformou essa região em um "campo de guerra".
Em sua mensagem ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, Peres o conclamou à retomada de uma "negociação direta, sem intermediários e sem adiamento" com vista ao acordo final sobre a devolução das colinas de Golã por Israel. Ocupadas pelas tropas israelenses em 1967, tornaram-se tema do principal contencioso com a Síria. Em maio do ano passado, os dois países iniciaram negociações indiretas de paz, com a mediação da Turquia. Mas essas conversas foram suspensas em dezembro, como represália aos bombardeios de Israel à Faixa de Gaza. No fim de outubro, o governo sírio deu seus primeiros sinais favoráveis à retomada dessa negociação. O Estado de S. Paulo - Foto: José Cruz/ABr
Em visita de Estado ao Brasil, o presidente de Israel, Shimon Peres, aproveitou a sessão solene em sua homenagem no Congresso Nacional para atacar verbalmente o Irã e enviar mensagens à Síria e à Autoridade Palestina em favor da retomada das negociações de paz.
Ciente da visita oficial ao Brasil do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, no dia 23, Peres declarou que a atual política de Teerã representa um "perigo mundial" e "impede a criação do Estado Palestino".
O presidente israelense fez a ressalva de que, historicamente, o Irã nunca foi inimigo de Israel. Mas, com a precaução de não mencionar o arsenal atômico mantido por Israel sem salvaguardas, acrescentou que seu país "não pode tolerar a presença de armas nucleares (em território iraniano)". Por Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro
"O governo do Irã está se armando e alimentando o terror do Hamas e do Hezbollah", afirmou Peres, referindo-se aos grupos islâmicos organizados na Palestina e no Líbano. "O Irã ajuda o Hamas a tratar mal a Autoridade Palestina e, com isso, impede a criação do Estado da Palestina", disse ontem, em discurso aos parlamentares.
Após se encontrar com Peres, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, minimizou as manifestações contrárias ao iraniano no Brasil. "O Brasil fala com todo mundo. Ninguém vai dizer ao Brasil com quem o Brasil deve falar. O Brasil fala com quem entende que deve falar."
Peres mostrou-se hábil para evocar indiretamente a pretensão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de atuar como mediador da negociação Israel-Palestina e também como espécie de facilitador de uma solução para a questão do Irã. Mostrou-se igualmente atento à agenda do presidente Lula, que, além de receber Ahmadinejad, terá a visita do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, dias antes.
Em seu discurso, lembrou que o Brasil rechaça o terrorismo e as armas de destruição em massa e que "sua voz tem sido escutada" mundo afora.
Entretanto, não chegou a pedir ao governo brasileiro que venha a mediar essas questões. "Precisamos de uma voz clara contra o terror", completou.
Com o cuidado de omitir os bombardeios de Israel à Faixa de Gaza, entre o fim do ano passado e o início de 2009, e a polêmica causada pelos novos assentamentos israelenses em terras palestinas, Peres destacou que seu país aceita retomar a negociação com a Autoridade Palestina, com base nos compromissos acordados no processo de Oslo, de 1993, e reconhece o direito de esse povo de criar seu Estado.
Segundo ele, o governo de Israel está disposto a fazer "concessões difíceis e dolorosas" em favor de um acordo que permita a "convivência em paz com seu vizinho". Em uma demonstração de otimismo na retomada do diálogo, destacou que Israel acredita ser possível, "com ousadia", alcançar a paz em um a dois anos.
"CAMPO DE GUERRA"
Ao mencionar tais pontos, Peres reportou-se diretamente a Abbas. Lembrou que ambos passaram por momentos muito difíceis em processos anteriores de negociações de paz, como o assassinato do então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, em 1995. Mas reiterou que o Hamas, grupo político que controla a Faixa de Gaza e atua também por meio do terror, transformou essa região em um "campo de guerra".
Em sua mensagem ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, Peres o conclamou à retomada de uma "negociação direta, sem intermediários e sem adiamento" com vista ao acordo final sobre a devolução das colinas de Golã por Israel. Ocupadas pelas tropas israelenses em 1967, tornaram-se tema do principal contencioso com a Síria. Em maio do ano passado, os dois países iniciaram negociações indiretas de paz, com a mediação da Turquia. Mas essas conversas foram suspensas em dezembro, como represália aos bombardeios de Israel à Faixa de Gaza. No fim de outubro, o governo sírio deu seus primeiros sinais favoráveis à retomada dessa negociação. O Estado de S. Paulo - Foto: José Cruz/ABr
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