CUT prepara calendário de greves e ações pro-Dilma

Braço do PT no movimento sindical, a CUT esboça sua “estratégia de mobilização” para o ano de 2010. Na pauta, um calendário de greves e ações de apoio à candidatura oficial da petista Dilma Rousseff.

Nesta quinta, a CUT promove na sua sede, em São Paulo, uma reunião com representantes de outras centrais sindicais. Em texto levado à
web, o presidente da CUT, Arthur Henrique (na foto lá do alto), explica o propósito do encontro: Por Josias de Souza

"Iremos formalizar um calendário com greves e paralisações, para pressionar os parlamentares e as empresas a adotar a redução da jornada sem redução de salário".

Há outros projetos pelos quais o sindicalismo planeja pegar em lanças. Entre eles as leis do pré-sal e emenda que fixa a política de valorização do salário mínimo.

Para o segundo semestre, a CUT programa um mergulho no universo da sucessão presidencial.

Na última terça-feira (19), a central reuniu sua Executiva Nacional. Em
texto veiculado no seu portal, o PT informa o que foi deliberado. A CUT deseja “mobilizar os trabalhadores e a sociedade” para “aprofundar as conquistas” do governo Lula e “impedir o retorno dos neoliberais”.

Leia-se: antes mesmo da formalização das candidaturas, a engrenagem sindical do petismo já gira por Dilma Rousseff, contra José Serra.

No próximo 1º de Maio, Dia do Trabalhador, a CUT vai lançar o que chama de “Plataforma da Classe Trabalhadora para as Eleições de 2010”.

Deseja-se envolver sindicatos de todo país no esforço eleitoral. Ouça-se de novo o presidente da CUT:

"Iremos promover ações em todo o Brasil para discutir o modelo de país que queremos e a importância de avançar no projeto democrático e popular." O ponto central da plataforma eleitoral da CUT é a “radicalização da democracia”. Coisa já esmiuçada em debates regionais e em três encontros nacionais.

Arthur Henrique explica: "Não podemos deixar que a participação social seja meramente representativa, por meio do processo eleitoral”. A frase faz supor que, para a CUT, o modelo atual, em que a sociedade vai às urnas para escolher os seus representantes, tornou-se insuficiente.

Segundo o presidente da entidade, é preciso regulamentar “instrumentos tais como plebiscitos e referendos”. Mais: assegurar a participação direta da sociedade na elaboração do “orçamento público” e –tchan, tchan, tchan, tchan- “o controle social sobre os meios de comunicação".

No pedaço da reunião de sua Executiva em que discutiu a conjuntura política, a direção da CUT analisou a reação ao Programa Nacional de Direitos Humanos. Trata-se daquele documento que incluiu da revisão da lei de anistia à criação de comissões para mediar, à margem do Judiciário, a reintegração de posse de terras invadidas.

Para Arthur Henrique, a "reação da direita" ao programa"é uma pequena amostra da disputa acirrada que teremos em 2010".

No rol dos direitistas, a CUT inclui: “Setores retrógrados do empresariado, dos militares e dos meios de comunicação”. Se tudo der certo para a CUT, um punhado de greves será salpicado na folhinha eleitoral de 2010. E um discurso pós-ideológico ganhará o meio-fio.

Parece improvável. Mas, admitindo-se que ocorra, é de perguntar: a central trabalha mesmo por Dilma ou trama a eleição de Serra?

Não é demasiado recordar: Lula só virou presidente depois de beijar a cruz do mercado numa Carta aos Brasileiros, abandonar o lero-lero socialista, aparar a barba e vestir Armani.
Josias de Souza


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