“UM TITANIC A PONTO DE AFUNDAR”
O ano que começa será, com certeza, o pior dos que Hugo Chávez já viveu desde que assumiu o poder na Venezuela. As crises se acumulam e a capacidade do presidente de resolvê-las parece chegar ao limite. Se a situação continuar se deteriorando e o governo se mostrar impotente para encontrar soluções, poderia se pensar, então, que estamos diante do ponto de ruptura e que se iniciou o começo do fim do regime chavista.
Com efeito, nos próximos meses se acentuará a deterioração das condições de vida do povo venezuelano, e o governo não terá explicações nem desculpas críveis para ganhar a indulgência da população. Também terá perdido a confiança necessária para vender esperanças. Por Alfredo Rangel
A inevitável desvalorização das semanas anteriores trará como consequência um aumento de preços que porá o país à beira de uma inflação entre 50% e 60%, de longe a mais alta da América Latina. A experiência nos mostra que, em nosso continente, nada produz mais desestabilização política que uma inflação galopante.
E se à alta generalizada de preços somamos o crescente desabastecimento de artigos de primeira necessidade, o insuportável racionamento dos serviços de água e luz, e o aumento da insegurança nas cidades, teremos um coquetel explosivo que Chávez dificilmente poderá desativar apelando a sua retórica populista, com seus desafios ao “imperialismo” norte-americano, ou ameaçando com agressão à Colômbia.
Chávez tem, hoje, os mais baixos índices de popularidade do mandato, o que demonstra que os venezuelanos começam a compreender o fracasso histórico do regime chavista.
Depois de 11 anos no poder e de ter esbanjado mais de US$ 950 bilhões da bonança do petróleo, sua economia se descapitalizou, a produção industrial caiu, os planos sociais não funcionam, os empresários fogem do país e 60% de seus alimentos devem ser comprados no exterior. Além disso, nadando em um mar de petróleo, o país vive uma crise energética estrutural como resultado da falta de inversão e de manutenção de sua infraestrutura, que poderia demorar quatro ou cinco anos para resolver.
Em contraste com a falta de inversão interna, Chávez deu mais de US$ 61 bilhões em ajuda a outros países. Enquanto o dinheiro abundava como resultado dos altos preços do petróleo, ninguém reclamava; mas, agora, em meio à crise econômica por conta de preços do petróleo que resistem em se recuperar, chega o momento de pedir as contas e passar a fatura pelo guichê político.
A tudo isto se soma uma calamitosa situação de insegurança dos cidadãos em que foi multiplicada por quatro a taxa de homicídios do país desde que Chávez chegou ao poder, e que tornou Caracas a capital latinoamericana de mais alta periculosidade.
Frente a isto, o governo permaneceu impassível, com um discurso oficial que justifica a violência criminal como uma expressão válida da luta dos pobres contra os ricos e que, sem dúvida, contribui para incrementar a insegurança.
A crise começa agora a tocar as portas do governo. Nos meses anteriores, altas autoridades se viram envolvidas em escândalos de corrupção e deveriam renunciar.
E em menos de uma semana renunciaram os ministros de Defesa, de Meio Ambiente e do Banco Central, em meio a protestos e revoltas estudantis provocadas pelo fechamento de seis redes de televisão. O bloco chavista rachou sem que seu líder pudesse fazer nada para evitá-lo.
A tal ponto que Heinz Dietrich, principal ideólogo do regime, descreveu o governo como “um Titanic a ponto de afundar”, e o embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, manifestou publicamente sua “preocupação pela sobrevivência da revolução bolivariana”. Mais recentemente, um grupo de milícias urbanas armadas e apoiadas pelo regime chavista tinha ameaçado agir pelas vias de fato contra o gabinete governamental, se este não corrigisse seu rumo. O regime tem problemas por toda parte, sem que seu capitão possa controlar a situação.
No próximo mês de setembro serão realizadas eleições parlamentares e de governadores na Venezuela. Se por causa da crescente crise o governo chegar a perder o controle do Congresso, suas dificuldades seriam ainda maiores, pois se questionaria sua governabilidade e já não poderia continuar gerindo, de acordo com seu capricho, os assuntos públicos guardando aparências de legalidade. Então, sua substituição estaria muito próxima. Jornal do Brasil
Alfredo Rangel – Diretor da Fundación Seguridad y Democracia e colunista da Revista “Semana”
O ano que começa será, com certeza, o pior dos que Hugo Chávez já viveu desde que assumiu o poder na Venezuela. As crises se acumulam e a capacidade do presidente de resolvê-las parece chegar ao limite. Se a situação continuar se deteriorando e o governo se mostrar impotente para encontrar soluções, poderia se pensar, então, que estamos diante do ponto de ruptura e que se iniciou o começo do fim do regime chavista.
Com efeito, nos próximos meses se acentuará a deterioração das condições de vida do povo venezuelano, e o governo não terá explicações nem desculpas críveis para ganhar a indulgência da população. Também terá perdido a confiança necessária para vender esperanças. Por Alfredo Rangel
A inevitável desvalorização das semanas anteriores trará como consequência um aumento de preços que porá o país à beira de uma inflação entre 50% e 60%, de longe a mais alta da América Latina. A experiência nos mostra que, em nosso continente, nada produz mais desestabilização política que uma inflação galopante.
E se à alta generalizada de preços somamos o crescente desabastecimento de artigos de primeira necessidade, o insuportável racionamento dos serviços de água e luz, e o aumento da insegurança nas cidades, teremos um coquetel explosivo que Chávez dificilmente poderá desativar apelando a sua retórica populista, com seus desafios ao “imperialismo” norte-americano, ou ameaçando com agressão à Colômbia.
Chávez tem, hoje, os mais baixos índices de popularidade do mandato, o que demonstra que os venezuelanos começam a compreender o fracasso histórico do regime chavista.
Depois de 11 anos no poder e de ter esbanjado mais de US$ 950 bilhões da bonança do petróleo, sua economia se descapitalizou, a produção industrial caiu, os planos sociais não funcionam, os empresários fogem do país e 60% de seus alimentos devem ser comprados no exterior. Além disso, nadando em um mar de petróleo, o país vive uma crise energética estrutural como resultado da falta de inversão e de manutenção de sua infraestrutura, que poderia demorar quatro ou cinco anos para resolver.
Em contraste com a falta de inversão interna, Chávez deu mais de US$ 61 bilhões em ajuda a outros países. Enquanto o dinheiro abundava como resultado dos altos preços do petróleo, ninguém reclamava; mas, agora, em meio à crise econômica por conta de preços do petróleo que resistem em se recuperar, chega o momento de pedir as contas e passar a fatura pelo guichê político.
A tudo isto se soma uma calamitosa situação de insegurança dos cidadãos em que foi multiplicada por quatro a taxa de homicídios do país desde que Chávez chegou ao poder, e que tornou Caracas a capital latinoamericana de mais alta periculosidade.
Frente a isto, o governo permaneceu impassível, com um discurso oficial que justifica a violência criminal como uma expressão válida da luta dos pobres contra os ricos e que, sem dúvida, contribui para incrementar a insegurança.
A crise começa agora a tocar as portas do governo. Nos meses anteriores, altas autoridades se viram envolvidas em escândalos de corrupção e deveriam renunciar.
E em menos de uma semana renunciaram os ministros de Defesa, de Meio Ambiente e do Banco Central, em meio a protestos e revoltas estudantis provocadas pelo fechamento de seis redes de televisão. O bloco chavista rachou sem que seu líder pudesse fazer nada para evitá-lo.
A tal ponto que Heinz Dietrich, principal ideólogo do regime, descreveu o governo como “um Titanic a ponto de afundar”, e o embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, manifestou publicamente sua “preocupação pela sobrevivência da revolução bolivariana”. Mais recentemente, um grupo de milícias urbanas armadas e apoiadas pelo regime chavista tinha ameaçado agir pelas vias de fato contra o gabinete governamental, se este não corrigisse seu rumo. O regime tem problemas por toda parte, sem que seu capitão possa controlar a situação.
No próximo mês de setembro serão realizadas eleições parlamentares e de governadores na Venezuela. Se por causa da crescente crise o governo chegar a perder o controle do Congresso, suas dificuldades seriam ainda maiores, pois se questionaria sua governabilidade e já não poderia continuar gerindo, de acordo com seu capricho, os assuntos públicos guardando aparências de legalidade. Então, sua substituição estaria muito próxima. Jornal do Brasil
Alfredo Rangel – Diretor da Fundación Seguridad y Democracia e colunista da Revista “Semana”
2 comentários:
Acho que é o começo do fim sim para a Era Chávez. Sabe até 2 anos atrás, eu o via como um bom homem para o povo dele, mesmo havendo corrupção no governo (o que era muito maior nos anteriores), algo estava sendo feito no país, ainda esta sendo feito. Porém ja não mais pelo homem com o mesmo espírito de antes, quem agora faz todos esses absurdos na Venezuela, é um Chavéz corrompido, louco, provou do poder e ficou insandecido. Lamentável.
What about the English invent football championship?
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